Tinha tudo para ser uma quinta-feira como outra qualquer, a não ser pelo fato de que ela queria dormir um pouquinho mais e tinha que fazer uma ligação telefônica para os Estados Unidos.
Como de costume, e por ser um dos seus hobbies favoritos, ela se levantou e foi logo iniciando uma faxina na casa, depois de tomar seu café da manhã.
Lavou a louça do café, tirou o pó de seus poucos móveis, comprados com o fruto de seu trabalho, e varreu a casa, preparando o chão para o pano molhado.
Lavou a louça do café, tirou o pó de seus poucos móveis, comprados com o fruto de seu trabalho, e varreu a casa, preparando o chão para o pano molhado.
Ela arredou a cama, equilibrou as cadeiras em cima do sofá e lá se foi, passando o pano aqui e acolá, ao som de Norah Jones, permitindo que seus pensamentos viajassem livres pelos arredores da casa.
Porém, aquela aparente tranqüilidade estava com os minutos contatos... assim que começou a passar o pano, percebeu que o pó ainda existente no chão começou, freneticamente, a se enrolar no próprio pano, ora ficando nos cantos das paredes, ora se desenrolando no chão...
Aquela situação de sujeira vem, sujeira vai, começou a irritá-la profundamente e, num momento de fúria, ela lançou o rodo com toda força no chão, no intuito de se livrar daquela poeira molhada, mas sem querer empurrou a mesa, que equilibrava um belo vaso de cerâmica de marajoara...
Naquele instante, foi como se o Indiana Jones tivesse tomado conta de seu espírito, e ao som do tã tã tã rã, tã tã tã, tã tã rã tã tã tã, ela empregou todos os seus esforços em direção ao vaso, que estava prestes a cair no chão e se quebrar em mil pedacinhos.
Durante a tentativa de chegar ao outro lado da mesa e salvar a cerâmica de marajoara, eis que ela escorregou no chão molhado, tropeçou o cotovelo esquerdo na mesa e, quando já não tinha mais esperanças de salvar aquela relíquia, adquiriu forças sobrenaturais e, enfim, agarrou com toda a proesa de uma aventureira, aquele patrimônio histórico e cultural, recentemente trazido do Pará.
Com o vaso - e o coração - na mão, respiração ofegante, chão molhado, cotovelo latejando, ela pensa: “definitivamente colocarei em pauta a possibilidade de contratar uma faxineira, caso contrário, irei ligar para o George Lucas e ver se tem lugar pra mim no Indiana Jones 5”.
E chega de emoções fortes por hoje.
Um comentário:
Isso é o que acontece quando se tem "ataques de fúria". Que MÊDA!
Mas sempre tem o lado positivo: se fosse uma faxineira, certamente não haveria mais a tal cerâmica, a não ser em caquinhos varridos prá baixo do tapete...
Postar um comentário