domingo, setembro 11, 2011

Complicando o simples


Quando eu era pequena gostava de vestir os vestidos da minha mãe, principalmente calçar os sapatos de salto alto e sair desfilando pela casa – aventura essa que acredito todas nós, meninas, tenha vivenciado um dia na vida.

Eu também adorava fuçar nas infindáveis necessaires que ela tinha, contendo diversos batons – a maioria em tom vermelho – e milhares de sombras, blushes, lápis, pós, bases... aquilo era uma maravilha pra mim, ficava olhando as cores, imaginando para que servia cada coisa e como seria quando eu fosse “grande”.

Esmaltes então, nem vou comentar... era tanto vidrinho... a maioria nas cores vermelha. Eu adorava ficar olhando, mas nunca pedi para pintar a unha quando era pequena, eu achava aquilo muito esquisito.

Pois o tempo foi passando, passando, eu fui crescendo, crescendo, e nunca fui tão chegada na tal “maquilagem”. Só de olhar para tanta coisa já me cansava, até porque o meu negócio na adolescência era outro: esportes. E pra isso, bastava um par de tênis e um abrigo, sem “frufru” no rosto.

Embora minha mãe tentasse me alertar que toda mulher “tinha” que ser vaidosa (mulher vaidosa = bom marido), não adiantava... lá seguia eu, com a minha peruca estilo “Ravengar”, uma espinha ali outra acolá, cara limpa, batonzinho cor da boca e um esmalte daqueles bem branquinhos, quase transparente.

Minha avó materna também era muito vaidosa: lâncome no rosto todos os dias, perfume francês, maquiagem perfeita, unhas pintadas e muita pose de gente chique. Essa parte da genética da família materna acho que parou de se espalhar com a minha mãe, porque nem assim eu me inspirava. E o lado culinário também, eu simplesmente não queria saber nada dessas coisas, tipo, "essas coisas de mulher”.

Minha avó paterna, embora bem menos vaidosa, não saía de casa sem um bom batom vermelho. Ah, o tal batom vermelho... frequentemente ouvia falar, não importava a roupa, estando com um batom vermelho, a mulher sempre será notada.

Só que no meu caso a minha profissão começou a me exigir certos “cuidados”. Não, não trabalho com moda ou publicidade, mas é preciso uma postura séria e responsável quando se trata dos problemas jurídicos dos outros.

E a coisa começou a apertar mesmo depois dos trinta. “Bah”, como dizemos aqui no sul do país, deixei os esmaltes branquinhos para me aventurar nos coloridinhos, incluindo aí os vermelhos (e abrindo um parênteses, meu primeiro esmalte vermelho foi o “Gabriela” da Risquè, presente da Aline, que naquela ocasião me disse que a hora que começasse a usar não ia mais parar, porque ficava lindo na mão aquela cor – eu ainda ri, pensando comigo: “jamais vou usar isso aí”).

Depois dos esmaltes, então só faltava os cremes para o rosto, a maquilagem e o clássico batom vermelho. O pior de tudo não é a mudança de hábito, mas a falta de tempo para ele. É tanta coisinha, creme aqui, creme lá, pincel não sei do que, blush, pó compacto, hidratante, protetor solar, batom.. ufa!

Então, a marinheira de primeira viagem precisa consultar o que acontece lá fora ou, pelo menos, ter em casa o básico do básico para entrar no mundo burocrático da maquilagem. E navegando por aí, encontrei um videozinho – curto e grosso – com várias dicas para “enfeitar” o rosto, só que percebi que o negócio está tão aprofundado (acredito que deva existir até faculdade de maquilagem) que para passar um simples batom vermelho é preciso inúmeros produtos.

Saca só as dicas da maquiadora Vanesa Rozan:



Assim não dá: é muita burocracia só pra pintar a boca!!!

Prefiro mesmo a dica da minha avó paterna, hoje com 92 anos: batom vermelho na boca direto, sem frescuras!!! Olha como ela fica bem de vermelho!