Quando
eu era pequena gostava de vestir os vestidos da minha mãe,
principalmente calçar os sapatos de salto alto e sair desfilando
pela casa – aventura essa que acredito todas nós, meninas, tenha
vivenciado um dia na vida.
Eu
também adorava fuçar nas infindáveis necessaires que ela tinha,
contendo diversos batons – a maioria em tom vermelho – e milhares
de sombras, blushes, lápis, pós, bases... aquilo era uma maravilha
pra mim, ficava olhando as cores, imaginando para que servia cada
coisa e como seria quando eu fosse “grande”.
Esmaltes
então, nem vou comentar... era tanto vidrinho... a maioria nas cores
vermelha. Eu adorava ficar olhando, mas nunca pedi para pintar a unha
quando era pequena, eu achava aquilo muito esquisito.
Pois
o tempo foi passando, passando, eu fui crescendo, crescendo, e nunca
fui tão chegada na tal “maquilagem”. Só de olhar para tanta
coisa já me cansava, até porque o meu negócio na adolescência era outro: esportes. E pra isso, bastava um par de tênis
e um abrigo, sem “frufru” no rosto.
Embora
minha mãe tentasse me alertar que toda mulher “tinha” que ser
vaidosa (mulher vaidosa = bom marido), não adiantava...
lá seguia eu, com a minha peruca estilo “Ravengar”, uma espinha
ali outra acolá, cara limpa, batonzinho cor da boca e um esmalte
daqueles bem branquinhos, quase transparente.
Minha
avó materna também era muito vaidosa: lâncome no rosto todos os
dias, perfume francês, maquiagem perfeita, unhas pintadas e muita
pose de gente chique. Essa parte da genética da família materna
acho que parou de se espalhar com a minha mãe, porque nem assim eu
me inspirava. E o lado culinário também, eu simplesmente não
queria saber nada dessas coisas, tipo, "essas coisas de mulher”.
Minha
avó paterna, embora bem menos vaidosa, não saía de casa sem um bom
batom vermelho. Ah, o tal batom vermelho... frequentemente ouvia
falar, não importava a roupa, estando com um batom vermelho, a
mulher sempre será notada.
Só
que no meu caso a minha profissão começou a me exigir certos
“cuidados”. Não, não trabalho com moda ou publicidade, mas é
preciso uma postura séria e responsável quando se trata dos
problemas jurídicos dos outros.
E
a coisa começou a apertar mesmo depois dos trinta. “Bah”, como
dizemos aqui no sul do país, deixei os esmaltes branquinhos para me
aventurar nos coloridinhos, incluindo aí os vermelhos (e abrindo um
parênteses, meu primeiro esmalte vermelho foi o “Gabriela” da
Risquè, presente da Aline, que naquela ocasião me disse que a hora
que começasse a usar não ia mais parar, porque ficava lindo na mão
aquela cor – eu ainda ri, pensando comigo: “jamais vou usar isso
aí”).
Depois
dos esmaltes, então só faltava os cremes para o rosto, a maquilagem
e o clássico batom vermelho. O pior de tudo não é a mudança de
hábito, mas a falta de tempo para ele. É tanta coisinha, creme
aqui, creme lá, pincel não sei do que, blush, pó compacto,
hidratante, protetor solar, batom.. ufa!
Então,
a marinheira de primeira viagem precisa consultar o que acontece lá
fora ou, pelo menos, ter em casa o básico do básico para entrar no
mundo burocrático da maquilagem. E navegando por aí, encontrei um
videozinho – curto e grosso – com várias dicas para “enfeitar”
o rosto, só que percebi que o negócio está tão aprofundado
(acredito que deva existir até faculdade de maquilagem) que para
passar um simples batom vermelho é preciso inúmeros produtos.
Saca
só as dicas da maquiadora Vanesa Rozan:
Assim
não dá: é muita burocracia só pra pintar a boca!!!
Prefiro
mesmo a dica da minha avó paterna, hoje com 92 anos: batom vermelho
na boca direto, sem frescuras!!! Olha como ela fica bem de vermelho!