sexta-feira, novembro 29, 2019

Edith faz 100


Nunca imaginei que esse dia iria de fato chegar. O dia em que conheceria, de perto, uma pessoa com cem anos de idade.
Ela nasceu em 1919, no distrito de Bojuru, no interior de São José do Norte, no Rio Grande do Sul. Já tinha uma irmã, chamada Maria. Vinte anos depois nasceu um irmão, chamado Rosalvo.
Ela nasceu e a televisão ainda não tinha sido inventada. Novela e notícias eram só no rádio. Nada de computadores, telefones ou celulares – isso era coisa futurística, nem pensada. Correspondência era por carta – nada de email, ou por conversa olho no olho entre amigos e conhecidos.
Passou por um trilhão de momentos, bons e ruins, vestiu-se das cores das inúmeras tendências de moda, viajou por diversos lugares, fez centenas de amigos.
Ela se casou e teve um filho e uma filha. Na sequência, teve seis netos. Hoje tem quatro bisnetos.
O marido já se foi há mais de 12 anos, mas continua presente na memória dela todos os dias.
Não tenho ideia do que se passa na cabeça dela ao imaginar tudo o que viveu na infância, adolescência, juventude, vida adulta e na fase idosa.
Só sei que há mais de quarenta anos faço parte da vida dela. Há mais de quarenta anos ela faz parte da minha vida.
E no meio de tantos quilômetros rodados, ainda há sanidade, ainda há lembrança, ainda há esperança.
Mesmo com algumas tristezas no final da vida, ela sempre me diz: “vivi uma vida feliz. Amei e fui amada. Tem coisa melhor?”
Edith faz 100.
O que se pode desejar a alguém que completa cem anos de existência?
Só sei que amo muito a minha véinha
Bom fim de vida, minha vó!