quarta-feira, setembro 02, 2009

A Lenda do Aniversário da Rainha Elizabeth

Era uma vez uma princesa, nascida no ano de 1948 em um belo castelo no interior da cidade encantada de Uruguaiana, fronteira com a Argentina.

Após anos de estudos com os melhores educadores da região, e sempre acompanhada de seu fiel escudeiro cão, chamado "Faruque", a bela princesa finalmente se transformou na grande Rainha Elizabeth, vindo a contrair núpcias no ano de 1974 com o Príncipe Avo, da capital flatulenta de Porto Alegre.

Em seguida, o casal real teve 3 lindos filhos: o Príncipe Bocaiúva (apelidado carinhosamente de "Boca"), dedicado às artes mecânicas, de serviços gerais e de bicicletaria montanhesa, casado com a Princesa Caci Jones, conhecedora da mente humana; a Princesa Peruquenta, conhecida por sua vasta e "linda" madeixa crespa, dedicada ao estudo das leis incompreensíveis e unida estavelmente com o Lord francês Paul Renault Chateaubriand; e o Príncipe Teta, dedicado ao estudo das línguas árabe, egípcia e hebraica, bem como ao uso moderado dos anabolizantes e suplementos musculares.

A família real sempre viveu muitas aventuras divertidas, principalmente ao lado de Sua Alteza, a Rainha Elizabeth, dona de um bom gosto sem igual pelas coisas mais finas e requintadas (reza a lenda de que ela teria um parente distante, também nascido no castelo de Uruguaiana, conhecido por "Zezinho Pinguim", o qual, posteriormente, veio se tornar seu concunhado).

A verdade é que a Rainha Elizabeth sempre foi uma guerreira fashion week (uma mistura de "She-ra" com sapatos altos e vestido roxo) - excelente dona de casa, cozinheira, mãe e professora - além de possuir um corpo de dar inveja nas bruxas maquiavélicas de Greiscow.

Curiosos da região de Colina do Sol contam que acompanharam de perto a rotina dessa maravilhosa rainha, a qual saía pela manhã para fazer um "bico" como bióloga, voltava para preparar o almoço dos seus herdeiros e do seu rei, limpava o palácio (de vários cômodos e andares), se dirigia ao centro do comércio (com o objetivo de "negociar" dívidas com lojas famosérrimas, entre elas Renner e C&A), retornava para o café da tarde (imperdível e insubstituível), lecionava aulas de etiqueta, fofocas e moda à noite e, por fim, ainda regava os jardins do castelo com todo amor e carinho. Ah, sem esquecer do cafunezinho que fazia em seus cães de raça pura: Duquesa Natascha e Dom Vitório.

Um dos seus sonhos era o de passar o primeiro ano de sua terceira idade em Paris, em algum salão de beleza estilo "Hugo Beaty", ao som de "Tina Turner", tomando um vinhozinho branco, regado com pequenos pedaços de gelo (sua bebida favorita), em plena Champs Élysées.

Entretanto, o Rei Avo não pode levá-la romanticamente a Paris, em decorrência da crise, a qual ocasionou o aumento drástico de processos na justiça do trabalho, tenho sido reconhecido como de urgência pública os dotes contabéis do querido rei.

Mas isso não foi problema, pois no ano posterior à entrada na terceira idade, a Rainha Elizabeth providenciou uma comemoração regada a muito fondue de chocolate, comida, bebida e pouca malhação, ocasionando um encontro familiar real encantador, divertidíssimo e altamente calórico em uma cidade da serra.

E ninguém jamais acreditaria que seria um momento inesquecível, a ponto de parar o tempo, ou melhor, de "acelerar" o tempo, literalmente.

Reza a lenda que, na noite em que a rainha completaria 61 anos, houve uma metamorfose na Terra, gerando um rápido pulo de um ano no tempo (inclusive, parece que Nostradamus teria previsto tal oscilação temporal terrestre).

Foi assim que, "caminhando contra o vento", a Rainha Elizabeth comemorou, avoadamente, os seus 62 anos, ao invés de comemorar os seus 61 anos...

Dizem as más línguas que ela teria se baseando na idade de sua cunhada, a Rainha Zéca, casada com o Duque Zezinho Pinguim; mãe do Príncipe Zé Karateca - mestre das artes marciais-, da Princesa Tchuchuca - dedicada à arte de fazer eventos-, e do Príncipe Zé Marley Príncipe - cantor, corretor de imóveis internacionais e Don Juan; e tia da Princesa Cláudia - dedicada à nutrição familiar e casada com o Lord Fernando, mais conhecido como "Google".


Rainha Elizabeth em seu momento real na comemoração de seus 62 anos, ops, 61 anos.

domingo, agosto 02, 2009

A história do fardamento esquecido

Tinha tudo para ser um dia igual ao outro - almoço, trabalho, casa - com exceção do jogo de futebol que ele tinha depois do expediente, às 18h15min.
O jovem casal saiu de casa de carro, ao invés de praticarem a habitual caminhada até o trabalho, isso porque havia necessidade de levar a mochila com as roupas do futebol.
Após o futebol, ele foi buscá-la no trabalho dela, para então irem até o supermercado, comprar algumas coisas para o jantar.

Ele estava um pouco suado, ainda com as roupas do futebol.
Ela estava toda encasacada, pois aquela semana o frio resolvera mostrar a cara de vez.

Chegaram ao caixa do supermercado com as compras e ele, como sempre bem-humorado, disse que havia esquecido a carteira no carro, tirando “um tempo” dela, que em seguida passou a mão na carteira para pagar as compras, rindo da situação (afinal de contas, eles fazem a contabilidade de tudo o que compram juntos).

Foi quando ele se lembrou de comentar com ela que, apesar de terem ido de carro para o trabalho, ele havia esquecido a mochila com a roupa do futebol em casa, tendo que voltar depois do trabalho para se fardar e ir ao jogo.

Ela caiu na gargalhada, pois isso é uma coisa que “quase” sempre acontece com ele... (é a carteira que fica no carro do taxista, é a chave que fica dentro do carro, é a sanduicheira que fica no trabalho... enfim... coisas da vida).

Nesse momento, enquanto ela tinha uma síncope de tanto rir no balcão da caixa do supermercado, a moçoila do caixa passava os produtos na leitora de código de barras e, numa intervenção de mestre, olha para o casal e diz:
“Como é que é? Eu me perdi! O que aconteceu no futebol???”

Em transe, o jovem casal respira fundo e não acredita naquela situação - a moçoila do caixa simplesmente queria participar do assunto, rir um pouco, quem não gosta de rir, não é mesmo?

Enquanto ele se ensaiava para não ser desagradável e compartilhar a história do fardamento esquecido, ela tem outra síncope de tanto rir... onde é que esse mundo vai parar?

domingo, junho 07, 2009

As aventuras de Dom Luigi

Era uma vez um domingo muito frio na capital gaucha. Mas MUITO frio MESMO. Como diria uma pessoa muito próxima: “um frio de renguear cusco”.

Dom Luigi estava apreensivo: aquele domingo ficaria marcado na sua memória, não pelo frio, mas pelo calor que encontraria, mais tarde, dentro do estádio do seu time de futebol.
E lá estava ele: completamente encasacado, toquinha de lã, sorriso de orelha a orelha e, é claro, vestindo a camiseta do seu glorioso time por cima de todos os seus blusões.

Mais cedo, quando ainda estava em casa, sua mãe o alertou: “Luigi, hoje está muito frio...” Ele, sem piscar os olhos, pensando que seria um golpe para lhe manter em casa, começou um choro contrariado, dizendo: “mas eu quero ver o meu time...

O frio não foi suficiente para lhe afastar do seu destino naquele fim de tarde de domingo.
Chegando na Av. Padre Cacique, Dom Luigi estava um tanto maravilhado - era muita gente vestida de vermelho, saindo de um lado e de outro, todos indo a uma só direção: o GIGANTE DA BEIRA-RIO.

Dom Luigi não parava de falar... estava tão ansioso, iria ver o seu time pela primeira vez, jogando ao vivo e a cores... e lá foi ele, subindo, subindo, subindo até a parte superior do estádio. Ao sair do elevador e se defrontar com aquela cena magnífica – o estádio inteiro a sua frente, milhares de pessoas vestindo vermelho e branco, a grama verdinha e a torcida organizada batucando a alegria de mais um jogo em casa – Dom Luigi congelou, não piscou
mais – mas não foi de frio.


(Dom Luigi em seu momento mágico)

Aquela cena lhe tocara a alma e o coração, ao ponto de fazê-lo permanecer quieto, parado, estagnado – a emoção invadia a vida do pequeno Luigi, com quase quatro anos de idade.
Mas a cena não emocionou apenas o bambino: sua mãe, também estreante no estádio e na vida futebolística de seu time, parou por instantes para admirar aquela beleza inexplicável.


(a magia contagiante do estádio)

Era o calor da torcida. Era o calor daquele momento mágico.

Dom Luigi previa, minutos antes do início da partida: “meu time vai ganhar de cinco a zero”. Bem, já bastaria uma simples vitória, não interessasse o placar, para que ele e sua mãe saíssem felizes daquela odisséia.

A partida começou e Dom Luigi estava – pasmem – extremamente comportado e sentado na cadeira - maravilhado com aqueles homens de vermelho pra cá e pra lá, chutando, correndo, jogando o seu excelente futebol.
Até que...
GOLLLLL!!!
O estádio foi a loucura e o frio se escondeu, todos gritavam, pulavam de alegria!!!
Um a zero para o Gigante da Beiro-rio!

Dom Luigi ficou assustado e, rapidamente, se virou para a mãe e perguntou: “o que eu faço agora???” Era a primeira vez que ele estava assistindo a um jogo de futebol, ali, bem pertinho do campo... não sabia como se comportar... mas logo se acostumou e a cada lance de gol pulava, gritava, sorria!

Depois, foi a vez de perguntar porque a torcida fazia “uhhh”, “ahhh”, “ehhh”, em determinados momentos... ele não entendia como aquele monte de gente falava a mesma coisa, quase que ao mesmo tempo... realmente, era um nova experiência na vida de Dom Luigi. Cinco minutos depois, já estava ele fazendo biquinho e acompanhando a torcida... “uhhh, quase gol!

E como todo iniciante no estádio, Dom Luigi queria explorar cada cantinho, subir e descer correndo as escadarias, ir de uma ponta a outra, sentar em várias cadeiras ao mesmo tempo (talvez procurasse o melhor ângulo para assistir ao jogo). Nesse momento, o que lhe deixou mais tranquilo (por alguns intantes, claro) foi ouvir música através do telefone celular de sua mãe, que, delicadamente, colocara os fones de ouvido em suas orelhas. Ele se virou para a sua mãe e disse, convicto: “eles disseram que o meu time vai vencer”.

Quem seriam “eles”?
Sua mãe decidiu dar uma “ouvidinha” no rádio e, inacreditavelmente, Dom Luigi estava ouvindo o jogo. Sim, ele havia colocado na estação de rádio que transmitia o jogo, exatamente aquele jogo que ele estava assistindo ao vivo e a cores... como todo bom torcedor, ele estava acompanhando o jogo também pelo rádio... Dom Luigi, com apenas três anos de idade.

Mas foi no finalzinho da partida que Dom Luigi demonstrou porque carrega um título honorífico, uma qualidade moral inata. O jogo já estava dois a zero para o seu time quando então, o árbitro da partida, de forma totalmente equivocada, marcou um pênalti para o time contrário... óh céus, que injustiça!!! O estádio inteiro não perdoou o árbitro e começou a xingá-lo terrivelmente, de todos os péssimos palavrões que conhecemos...
Mas Dom Luigi se manteve íntegro e simplesmente exclamou para o árbitro: “você é um feio!!!”.

(O que seria de nós, desastrosos e perversos adultos, que deixamos de lado nossa inocência, se não fosse a beleza de aprender com as sábias lições das crianças!!!)

E Dom Luigi foi embora, mais falante do que nunca, chiacherando, comentando cada detalhe da partida, a qual assistira bem quietinho e comportado, num momento quase raro de sua existência (segundo as palavras de sua mãe)... só perdeu mesmo para o balanço do carro quando voltava para casa, o qual, por instantes, lhe fez adormecer.

Foram muitas as emoções naquela noite fria de maio, que de fria só teve mesmo o gol de pênalti marcado pelo time contrário, num bizarro erro da arbitragem.

Arrivederci, Dom Luigi!

quarta-feira, maio 06, 2009

Conjuntando a tivite

Foi preciso uma conjuntivite no olho direito para me trazer novamente aos posts de cada dia.

Caro leitor, não se preocupe: fique o quanto quiser.

O contágio é pessoal, não virtual – por enquanto – até os japoneses inventarem um vírus que ataque os humanos via computadores.

Nesse momento “quarentena”, em que não posso ir trabalhar, não posso ficar em locais fechados e devo evitar o contato com outros humanos, encontrei alguém que sabe muito bem o que estou passando: Will Smith, em “I am legend”.

Sei, sei.
Esse filme já passou a um tempão atrás, mas só agora pude assisti-lo.
Gostei bastante do enredo. Depois descobri que há um fim alternativo rodando por aí.

É engraçado como ficamos impressionados com determinados filmes, os quais acabam nos acompanhando por dias afora. As imagens, as falas, as idéias ficam gravadas no nosso pensamento...

Lembrei-me das minhas aulas de Biodireito que tive no curso de pós-graduação... o filme ressuscitou mil coisas na minha cabeça... os experimentos biogenéticos, as doações de sangue e órgãos, a criação de vacinas e antivírus, a máfia farmacêutica (de quebra me lembrei de partes do filme “O Jardineiro Fiel”), enfim... coisas que estão fora do meu alcance, uma simples mortal. Mas coisas que estão logo ali, nas mãos de cientistas, pesquisadores, inovadores, psicopatas... sei lá.

Também pensei no que estamos vivendo com essa história de “gripe suína”, a tal gripe “A, Y, Z, H1N1”... todo esse caos no México, em outros países... a mídia sensacionalista, o mercado farmacêutico, milhares de máscaras por aí... será que as coisas estão acontecendo exatamente como estão nos mostrando na TV?

E eu cá, conjuntando a tivite... transmitida pelo ar... nem sei onde andei que estava exposta...

A pergunta é: esses cientistas, espalhados por toda parte do planeta, sabem o que estão fazendo? Eles têm consciência do que podem criar?

Não sou contra o progresso, não.

Minha dúvida é saber se o que estão fazendo por aí é só para ganhar mais dinheiro, ou se seria para o bem da humanidade. Por exemplo, como é que ninguém ainda não criou um remédio que cure a conjuntivite de imediato??? Ah, não deve ser tão difícil assim...

Para encerrar o desabafo de uma pessoa trancafiada em casa, será que o nosso mundo vai se transformar na Los Angeles do filme “Blade Runner – o caçador de andróides”?
Para quem não lembra, o filme se passa no ano de 2019, numa cidade sem árvores, sem sol, sem animais, cheia de arranha-céus (com mais de 100 andares), veículos por terra e céu, lotação habitacional e uma chuvinha ácida, para completar.

Enfim, preciso de ar puro.
E de uma boa grama verde pra pisar.

“Emancipate yourselves from mental slavery;
None but ourselves can free our minds.
Have no fear for atomic energy,
'Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets,
While we stand outside and look
Some say it's just a part of it:
We've got to fulfill the book.”

(Bob Marley – Redemption song)

sexta-feira, março 27, 2009

A vida na TV...

Às vezes, depois de um dia de trabalho, tudo o que se quer é apenas descansar. Se jogar debaixo do chuveiro. Fazer um lanche. Dormir mais cedo. Abrir um novo livro. Ir ao cinema. Dançar. Pular no sofá. Brincar com o controle remoto da TV.
Poucas vezes uso a TV como uma estratégia para o descanso, mas confesso que na última semana foi a opção mais próxima que encontrei, entre uma navegada e outra na internet, entre uma página e outra de “A menina que roubava livros”.

Tática extremamente infeliz.

Primeiro, vieram as chamadas para o “BBB” (Big Brother Baboseira), fazendo especulações, mostrando intrigas, expondo bundas, tatuagens e tetas. Depois, o programa continuava a ser exibido após a super novela das oito (a qual por ironia passa às nove), que por vezes mostra imagens do estrangeiro (com algumas paisagens até que interessantes - nem tudo está perdido), fazendo supor que as filmagens nos cenários são reais e que todo elenco global se encontra por lá, no “Caminho das Índias”...

Então, depois de ouvir as mesmas conversas de NOVE SOFRIDOS E DESESPERADORES ANOS (tendo que aguentar essa futilidade do BBB desde 2000); aquela choradeira toda - “você votou em mim, seu traidor”; as super amizades que nascem no confinamento e são esquecidas na vida real; o fato de que todo mundo tem que votar em alguém, goste ou não (pombas, esse é o jogo, certo?), e que no fim o pessoal está recebendo - e bastante - para expor a sua imagem (ainda que ela não valha nada para os milhões de brasileiros que ligam a TV nessa hora e nesse canal), simular, gritar, representar, fofoquear, brigar, chorar, blá blá blá; é hora de trocar de canal.

E troca, troca, troca, troca de canal... e NADA.

Para quem não tem TV a cabo, a morte súbita na cama parece ser o único fim. A não ser que se volte à navegação, à leitura, ao chocolatinho sagrado de todos os dias, ao aconchego dos carinhos do ser amado.

Mas não, uma última tentativa, uma última promessa... “Promessas de Amor”, o verdadeiro reloaded de “Os mutantes - caminhos do coração”.

Não, não me perguntem mais nada.

Sim, se estou a falar desses programas, é porque, em algum momento da semana, dediquei míseros minutos da minha audiência a eles...

Mas sabem o que é pior? É descobrir que vale muito mais a pena (porque pateticamente divertido) assistir a luta entre os humanos e os mutantes, ver os direitos constitucionais dos mutantes serem atacados (gente, essa é a fala dos personagens, inacreditável - a mesma Constituição que protege os humanos deve protege os mutantes - isso é direito intergaláctico, ou na fala deles, são os direitos humanos dos mutantes!!!), do que tolerar o Big Brother Baboseira (que, cá pra nós, tem todo o jeito de ser pura armação).

A gargalhada é coisa garantida com os mutantes, principalmente porque por mais imbecil que seja o enredo (e ele o é - não duvidem disso), alguns bons atores conseguem dar vida ao absurdo (como por exemplo as gêmeas interpretadas por Françoise Fourton, o mutante chefe interpretado por Walmor Chagas [o vistoso Afonso da Maia, da minissérie global “Os Maias”]). Por outro lado, alguns atores são terrivelmente péssimos (o que, infelizmente, é motivo de muita risada), sendo que a ausência de elementos que possam embasar essa minha afirmação me faltam: só vendo para entender (eu digo: vejam, pelo menos uma vez na vida).

Não pretendo ofender ninguém que curte esses programas - eles até que me são divertidos...
Como vivemos numa sociedade pluripartidária, democrática e o escambau, é normal que tenhamos opiniões diferentes, alicerçadas em vivências culturais variadas - boas ou não.

Paciência.

Hoje eu só precisava mesmo era desabafar.
P.S.: para matarem um pouquinho a curiosidade, vejam o trailer de "Os mutantes - caminhos do coração", abaixo...


sábado, março 21, 2009

THE REVENGE!

No seriado americano LOST, não há quem não esteja realmente LOST, inclusive - e principalmente - o próprio telespectador.

Depois de dormir minhas 8h de sono por dia e navegar pelas mais absurdas teorias sobre o seriado, quem eu encontro?

Sim... o Paulo.


(legenda dispensável)


Eu só ainda não me aventurei de verdade no seriado porque todas as pessoas que já assistiram que eu conheço não conseguiram me dizer o que de fato acontece. Isso ocorre com todas, sem exceção, e não é porque elas queiram fazer mistério, elas realmente não sabem!

Se é o retorno à Ilha da Fantasia, se são experimentos humanos da época nazista, se são espíritos vivendo no plano espiritual, se é uma dimensão de outro mundo ou se são congressistas da Opus Dei, deixarei para ver todo o seriado quando ele acabar.

Prefiro mesmo assistir ao agente Angus Macgyver. Muito mais divertido e educacional. Ha!


(sintam o figurino, década de 80 - primeiro episódio)

Touché!!!






domingo, março 15, 2009

A história do útero caído

Outro dia fui visitar a minha avó, mãe do meu pai, com quem eu tive o prazer de morar por três - divertidos e incríveis - anos. Depois que o meu avô se foi (com os seus quase 95 anos - há um post em homenagem a ele em janeiro de 2007), por óbvio, minha avó ficou AINDA mais ...

Acontece que essa velhinha, de 89 anos, cabelos brancos por opção, andar mancado, com olhos de bolinhas de gude, SEMPRE tem uma história inacreditável a contar. Às vezes sabemos que ela incrementa algumas falas que não existiram, descreve sentimentos que não ocorreram, mas, enfim, sabemos que alguma coisa fez parte do passado dela, a qual ela faz questão de dividir conosco.

Foi assim que num dia desses ela nos contou sobre a Angélica, uma mestiça que ajudava a fazer o serviço doméstico na casa dos pais dela, em uma fazenda no interior de Bojuru, 3º Distrito da cidade de São José do Norte, no Rio Grande do Sul, tchê.

Desde os 4 anos de idade minha avó ouvia as pessoas da casa comentarem que Angélica tinha o útero caído, que ficava pendurado por entre as pernas, blá blá blá... o que aguçava ainda mais a intensa curiosidade daquela pequena menina... que diabos seria o tal útero caído?

Certa vez, Angélica foi lavar roupas nas margens do rio, tendo a minha avó pedido a sua mãe para ir junto, pois queria se refrescar um pouco (talvez ela tivesse dito que queria “tomar a fresca”, ou algo do gênero)... Minha bisavó, sem saber dos planos que minha avó tinha para descobrir a verdade sobre o útero caído, permitiu que ela fosse.

Chegando nas margens do rio, minha avó deitou-se no chão, de forma que pudesse enxergar por entre as pernas de Angélica, que agachada, lavava calmamente as roupas da família. Era um plano extremamente simples para uma criança de 6 anos, mas que, para sua tenra idade, era de grande revelação e de difícil compreensão.

Minha avó conta que quando se deparou com aquela cena horripilante, um útero realmente caído por entre as pernas - “preto” - dizia ela, saiu correndo, um pouco enojada, outro pouco realizada - ela, de fato, esteve cara-a-cara (literalmente) com o tal útero caído.

Quando ela nos contou essa história, eu, meu irmão mais novo e a acompanhante da minha avó caímos na risada, imaginando que ela, mais uma vez, estava a nos enrolar com as suas histórias fantásticas... Minha avó ria conosco, da história que viveu e que relembrava com requintes de detalhes. Nós, ríamos da história como se ela fosse inventada, como se nunca tivesse existido, porque, cá pra nós, um útero caído pendurado entre as pernas, isso não existe!

É, mas existe sim.
Vergonhoso termos duvidado de nossa avó.

Após uma sessão de gargalhadas, me deu um estalo na cabeça: mas e se existir o tal “útero caído”? Naquele tempo, as doenças recebiam nomes bizarros... quem nunca ouviu falar do “bico de papagaio”,“nó nas tripas”, “pontada”, “água no pulmão”, “lombrigas”, e por aí vai...

Foi nesse momento que me lancei na internet:

Nome:
Prolapso do útero acontece quando o útero se exterioriza no canal vaginal

Definição: a caída ou o deslizamento do útero de sua posição normal na cavidade pélvica para dentro do canal vaginal

Causas, incidência e fatores de risco:
Normalmente o útero é sustentado pelo tecido conjuntivo da pélvis e pelo músculo pubococcígeo, e mantido no lugar por ligamentos especiais. O enfraquecimento desses tecidos faz com que o útero desça até o canal vaginal. O trauma sofrido pelos tecidos durante o parto, especialmente no parto de crianças grandes ou em trabalhos de parto ou em nascimentos rápidos, é a causa típica da fraqueza muscular. Acredita-se que a perda do tônus muscular e o relaxamento dos músculos, ambos associados ao envelhecimento normal e à redução do estrógeno, o hormônio
feminino, desempenhem um papel importante no desenvolvimento do prolapso uterino. A descida também pode ser causada por um tumor pélvico, ainda que tal fato seja raro.”

A saber: Angélica já tinha tido um filho na época.


Com vocês, a incrível Edith Só, contadora de histórias fantásticas: