terça-feira, maio 13, 2014

A vida em semanas

Eu nunca imaginei que estabeleceria alguma ligação com a contagem do tempo em semanas, até ficar grávida. E acreditem: não se trata de simplesmente “contar” o tempo. Se trata de “viver”, semana a semana, com uma expectativa totalmente diferente de tudo o que já se viveu até então.

Há quem diga que é absolutamente normal uma mulher estar grávida e só descobrir a “mudança” quatro ou cinco meses depois. Eu diria que isso é papo pra novela das oito, porque desde o início de tudo, eu senti algo “diferente”.

Realmente não há como descrever com palavras. As mulheres que passaram por isso tem experiências próprias, sentimentos únicos, momentos mágicos. Cada uma se emociona ao seu tempo, na sua intensidade, na grande transformação que toma conta do ventre e vai preenchendo, semana a semana, a alma da gente.

Uma pena que os homens jamais terão qualquer noção do que acontece, embora sejam ótimos fantasiadores. E mesmo que uma mulher nunca venha a experimentar a sensação física, tenho certeza que ela sempre entenderá a mágica que existe, mesmo que apenas adote um ser humano. Gravidez é papo de mulher, está no nosso íntimo, até mesmo quando, por um motivo da natureza, não acontece.

É incrível como um sentimento, seja ele só de prazer, seja ele só de amor, ou seja ele de prazer e de amor, é plantado e vai crescendo em uma velocidade incrível, até aparecer um botãozinho, um feijãozinho, um serzinho.

Semana a semana é a contagem técnica da medicina, que começa bem antes da concepção propriamente dita, exatamente no primeiro dia da última menstruação da mulher. Na minha cabeça uma contagem maluca, pois seis semanas de gestação correspondem a duas primeiras semanas antes da concepção mais quatro após a concepção. Pra entender mais sobre isso, é só dar uma lida aqui.

Mas o legal da nossa globalização é que existem sites interessantes que te ajudam a compreender e a conhecer semana a semana da gestação. Por indicação de amigas me inscrevi em dois: a) BabyCenter; b) Guia do Bebê.

Nesses sites, dá para ter uma ideia da transformação semanal dentro do útero, dos próximos passos, entender outras mulheres no mesmo período, trocar experiências, mas a maior dica de todas que eu dou é a seguinte: compartilhe dúvidas, receba orientações e troque ideias com um profissional competente - o seu ou a sua médica. Ninguém mais, ninguém menos.

Assim que as pessoas ao seu redor souberem que estás grávida, esteja preparada. As transformações físicas e psíquicas internas são fantásticas, pois elas acontecem só pra ti e ninguém as julgará ou tomará conta delas, a não ser que tu as externes.

Contudo, são infinitas as dicas do que comer, de como dormir, de como se vestir, como cuidar dos seios, das estrias, evitar inchaços, blá blá blá. No mesmo dia, várias pessoas vão dizer coisas totalmente opostas, como se fossem verdades seladas. Não caias nessa. Apenas sorria e agradeça. Mais tarde, virão as histórias trágicas, porque o ser humano adora fazer uma tortura mental com os outros, principalmente com as pobres das grávidas.

Embora pareça que a gestação passe rápido, as coisas se desenvolvem em três grandes tempos: os trimestres.

O primeiro trimestre compreende o primeiro ao terceiro mês. Aqui, tem gente que tem cólica, sangramento e enjoo. Outras não tem nada e é uma fase gostosa, pois não há ainda o peso da barriga e a locomoção ainda é rápida. Mas há mais sede, fome e sono. Uma dica: hora de procurar uma nutricionista. Ninguém melhor do que essa profissional pra orientar sobre alguns alimentos, como café, chimarrão e chás, dos quais ouvimos infinitas histórias de que podem ou não podem ser consumidos.

O segundo trimestre compreende o terceiro ao sexto mês. Quem passou ilesa pela cólica, sangramento e enjoo continua vivendo uma fase gostosa, pois agora a barriguinha começa a ter forma e já dar pra se sentir “mãe-canguru”. Pode aparecer inchaço e a necessidade de não se dormir mais de bruços, pra quem curte essa posição. Tudo vai depender do tamanho da barriga. Uma dica: hora de procurar uma fisioterapeuta. Ninguém melhor do que essa profissional pra fazer uma drenagem linfática (é um tipo de massagem), pois a essa altura do campeonato o nosso corpo já sofreu grandes transformações, principalmente a postura e o eixo-corporal. Aqui a gente nota que não dominamos mais o nosso equilíbrio e o cuidado passa a ser maior, principalmente no trânsito.

O terceiro trimestre compreende o sexto ao nono mês. Fase sem qualquer glamour, pois o cansaço chega de uma hora pra outra, a barriga pesa, o ar começa a faltar, não temos mais roupa adequadas, mas não se desespere, pra tudo há uma solução. Uma dica: antes e durante a gravidez faça algum exercício físico, diretamente recomendado pelo(a) médico(a) que acompanha o pré-natal. Eu fiz até o nono mês caminhada, musculação e alongamento, sob orientação e supervisão médica e de educador físico.

Na verdade, a natureza é sábia e fantástica. Nada se desenvolve sem ser para o bem. Nada se cria sem um propósito. Não existem regras prontas, nem manual da boa gravidez. A vida vai assim, preenchendo as semanas, mostrando seus encantamentos, vai selando relações cósmicas, vai se comunicando pelo astral.

Às vezes não sabemos mais se um pensamento é nosso ou é “dele” ou “dela”. Às vezes não sabemos mais se o acelerar do coração é nosso ou é “dele” ou “dela”. Tudo se mistura, se materializa. E embora papo de gravidez seja coisa de mulher, nada se cria ou se desenvolve sem a presença do pai.

O certo é que quanto mais amor e harmonia houver entre o casal, quanto mais paz e tranquilidade houver durante a gestação, a natureza vai se encarregar dos pormenores, da hora certa, da chegada abençoada, e de todas as emoções que vão inundar o momento mágico do nascimento.

Se for pra engravidar, faça amor.

Fica a dica.