quinta-feira, março 27, 2008


TER OU NÃO TER NAMORADO??? EIS A QUESTÃO... (por Carlos Drummond de Andrade)


Quem não tem namorado é alguém que ficou de férias de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro.
Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvens, guindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.

Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme e sua frio quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira; basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem um amor; é que não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes; dois paqueras; um envolvimento e dois amantes; mesmo assim não tem um namorado.

Não tem namorado que não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria e drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida ou impossível de durar.

Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem rasgada; de ânsia enorme de viajar para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarradinho, fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos deles, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d´água, show de Milton Nascimento, bosques, temas de sonho, ou musical do metrô.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, que não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato do seu amado ser paquerado. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente, no fim de semana, na madrugada ou no meio dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.

Se não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pensando duzentos quilos de grilos e de medos, ponha a saia mais leve, aquela linda e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança, de alma escovada e coração estourado. Saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela.

Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ame como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido;

ENLOU-CRESÇA.

terça-feira, março 11, 2008

O suntuoso GiganTHe...

Não, o post de hoje não irá retratar o glorioso GIGANTE DA BEIRA-RIO, palco de muitas emoções em 2006 e 2007 (Libertadores e Recopa – chorem gremistas), estádio inaugurado às margens do Rio Guaíba em 06 de abril de 1969 (tudo bem, sequer eu estava nos planos de nascimento naquela época).

Enfim, o GiganTHe a que me refiro é outro, bem mais pomposo (no que se refere à escrita do nome) e um tanto quanto hilário. Fica no interior do Vale do Rio Pardo, mais precisamente na cidade das cucas.
Quem nunca foi morre de vontade de ir; quem sempre vai, não recomenda, pois não quer ser pego no flagra dançando bailão com a atendente da loja de cosméticos, prima-irmã da vizinha de sua namorada...

Como exclamou um torpedo renaultiano: “Que saudades da vida no interior!

Pois então.
O lugar é muito mais fino e chique do que o nostálgico BEG (Bailão Estrela Gaúcha) – palco de muitos encontros camuflados após uma ida inocente ao Tulha nos domingos (quem nunca foi lá que atire a primeira pedra).
Frise-se que a decoração do GiganTHe é impecável: CDs pendurados no teto, os quais de quando em quando refletem as luzes coloridas do globo giratório... uma maravilha (quem teve essa [in]feliz idéia?)!

As pessoas que freqüentam o lugar são da mais baixa
à mais alta classe social da região: desde aquela atendente da loja de cosméticos até o empresário de sucesso do fumo – o que torna o lugar uma verdadeira arena democrática ("... do povo, para o povo").

Não importa o traje: calça semi-begue, tênis, sandália plataforma, mini-saia, salto alto, camisa de seda, camiseta de física, boné, terno, vestido longo – a moda é ser tu mesmo (ainda que vestindo roupa de marca que não passou no teste de qualidade, vendido no PO – Palácio de Ofertas).

O embalo da noite ficou por conta da famosa Banda “Brilha Som”, que tocou ssuccccéééssoss como (olhem que letras românticas e incríveis):

- “Cama Vazia” (... Mas esse orgulho bobo é mais forte e não vou te procurar/Preciso te esquecer e desse sonho acordar...);


- “Outdoor” (... Pega o telefone, liga pro seu homem, ele ainda te ama/Manda um recado num carro de som, reacenda essa chama/Escreve o nome dele num outdoor bem grande, te amo, te amo/Manda uma mensagem pro seu celular, você é um anjo...);

- “A Lua e a Noite” (... Mas voltei/Galera estou aqui de novo/Voltei pros braços do meu povo/Achei o rumo da estrada/Me encontrei/De volta estou pras madrugadas/Igual a lua e a noite/Que morrem sempre abraçadas);

- “Fica Comigo” (... Já faz tempo que gosto de você/Você é esnobe nem de mim quer saber/Fiquei na deprê, apaixonado por você...).

Tá bem, deu de breguice por hoje.
Quando vierem me visitar, prometo que incluo no pacote uma aventura no GiganTHe da cidade das cucas - imperdível diversão!

quinta-feira, março 06, 2008

Tropeços no trabalho – parte I (com adaptações)

Toc, toc, toc

- Com licença, Dra.
- Pode entrar.

O estagiário, bem apessoado, cabelinho bem cortado, vestindo calça Ellus e camiseta Coca-Cola, ingressa na sala de sua chefe, carregando uma dúvida, referente à tarefa anteriormente repassada a ele.
Educadamente, como forma de introduzir o problema, ele pergunta:

- Como está a senhora?

Calmamente, ela olha para ele (um rapaz de 1m86cm) e responde:

- Melhor agora...

Dois segundos de silêncio. Será que o estagiário ouvira bem?
Logo em seguida, a chefe completa:

- Melhor agora, que a dor do dente passou... qual é a dúvida?

O estagiário, depois de ficar rosado (por ter pensado bobagem), se embaralha com as palavras, mas mantém uma sutil cara de paisagem, como se nada, nada mesmo, tivesse passado por sua mente masculina.

Tropeços no trabalho – parte II

O funcionário responsável pelo cargo de motorista leva sua chefe até uma reunião de trabalho. No caminho, durante aquelas conversas banais de como está o tempo, será que o preço da maçã vai aumentar, já terminaram de construir aquele prédio da esquina, etc, a chefe comenta sua apertada agenda nas próximas semanas.

- Então, Dra., a senhora vai viajar bastante essa semana, não?
- Pois é, estou cheia de trabalho. Irei aqui, ali e acolá. Estou bem arrumada, não?

O motorista, natural de Goiás, dá uma olhada para sua chefe (de cima a baixo) e desabafa:

- Olha Dra., a senhora está muito bem com essa roupa, eu gostei.

Um pouco constrangida, mas sorrindo educadamente, a chefe fala:

- Estava me referindo a estar bem arrumada de tanto trabalho...

terça-feira, março 04, 2008

Boa noite, cinderela!

Quem não conhece pelo menos um famoso "conto-do-vigário"?
Bilhete premiado, moeda falsa, golpe do seguro, golpe do empréstimo, ou, simplesmente, o "boa noite, cinderela"...


Pois então...
No último sábado pude observar de perto como esses espertalhões agem no caso do "boa noite, cinderela".

Primeiro eles incentivam a moçoila - indefesa - a ingerir uma quantidade alta de bebida - a qual ela não está acostumada, por óbvio.
Depois, prometem que vão cuidar dela caso ela passe um pouquinho da conta, naquele sutil blá blá blá de "super proteção".
Por último, usam de um artifício ardil subliminar, que faz com que ela tenha a iniciativa de convidar o bandido para dançar uma música lenta... (há toda uma estratégia montada por trás)
E aí já viu, né.

Depois da música lenta, já era.
Não tem mais volta, nem com "desapagador" de memória do MIB.

Muito cuidado!!!