sexta-feira, março 27, 2009

A vida na TV...

Às vezes, depois de um dia de trabalho, tudo o que se quer é apenas descansar. Se jogar debaixo do chuveiro. Fazer um lanche. Dormir mais cedo. Abrir um novo livro. Ir ao cinema. Dançar. Pular no sofá. Brincar com o controle remoto da TV.
Poucas vezes uso a TV como uma estratégia para o descanso, mas confesso que na última semana foi a opção mais próxima que encontrei, entre uma navegada e outra na internet, entre uma página e outra de “A menina que roubava livros”.

Tática extremamente infeliz.

Primeiro, vieram as chamadas para o “BBB” (Big Brother Baboseira), fazendo especulações, mostrando intrigas, expondo bundas, tatuagens e tetas. Depois, o programa continuava a ser exibido após a super novela das oito (a qual por ironia passa às nove), que por vezes mostra imagens do estrangeiro (com algumas paisagens até que interessantes - nem tudo está perdido), fazendo supor que as filmagens nos cenários são reais e que todo elenco global se encontra por lá, no “Caminho das Índias”...

Então, depois de ouvir as mesmas conversas de NOVE SOFRIDOS E DESESPERADORES ANOS (tendo que aguentar essa futilidade do BBB desde 2000); aquela choradeira toda - “você votou em mim, seu traidor”; as super amizades que nascem no confinamento e são esquecidas na vida real; o fato de que todo mundo tem que votar em alguém, goste ou não (pombas, esse é o jogo, certo?), e que no fim o pessoal está recebendo - e bastante - para expor a sua imagem (ainda que ela não valha nada para os milhões de brasileiros que ligam a TV nessa hora e nesse canal), simular, gritar, representar, fofoquear, brigar, chorar, blá blá blá; é hora de trocar de canal.

E troca, troca, troca, troca de canal... e NADA.

Para quem não tem TV a cabo, a morte súbita na cama parece ser o único fim. A não ser que se volte à navegação, à leitura, ao chocolatinho sagrado de todos os dias, ao aconchego dos carinhos do ser amado.

Mas não, uma última tentativa, uma última promessa... “Promessas de Amor”, o verdadeiro reloaded de “Os mutantes - caminhos do coração”.

Não, não me perguntem mais nada.

Sim, se estou a falar desses programas, é porque, em algum momento da semana, dediquei míseros minutos da minha audiência a eles...

Mas sabem o que é pior? É descobrir que vale muito mais a pena (porque pateticamente divertido) assistir a luta entre os humanos e os mutantes, ver os direitos constitucionais dos mutantes serem atacados (gente, essa é a fala dos personagens, inacreditável - a mesma Constituição que protege os humanos deve protege os mutantes - isso é direito intergaláctico, ou na fala deles, são os direitos humanos dos mutantes!!!), do que tolerar o Big Brother Baboseira (que, cá pra nós, tem todo o jeito de ser pura armação).

A gargalhada é coisa garantida com os mutantes, principalmente porque por mais imbecil que seja o enredo (e ele o é - não duvidem disso), alguns bons atores conseguem dar vida ao absurdo (como por exemplo as gêmeas interpretadas por Françoise Fourton, o mutante chefe interpretado por Walmor Chagas [o vistoso Afonso da Maia, da minissérie global “Os Maias”]). Por outro lado, alguns atores são terrivelmente péssimos (o que, infelizmente, é motivo de muita risada), sendo que a ausência de elementos que possam embasar essa minha afirmação me faltam: só vendo para entender (eu digo: vejam, pelo menos uma vez na vida).

Não pretendo ofender ninguém que curte esses programas - eles até que me são divertidos...
Como vivemos numa sociedade pluripartidária, democrática e o escambau, é normal que tenhamos opiniões diferentes, alicerçadas em vivências culturais variadas - boas ou não.

Paciência.

Hoje eu só precisava mesmo era desabafar.
P.S.: para matarem um pouquinho a curiosidade, vejam o trailer de "Os mutantes - caminhos do coração", abaixo...


sábado, março 21, 2009

THE REVENGE!

No seriado americano LOST, não há quem não esteja realmente LOST, inclusive - e principalmente - o próprio telespectador.

Depois de dormir minhas 8h de sono por dia e navegar pelas mais absurdas teorias sobre o seriado, quem eu encontro?

Sim... o Paulo.


(legenda dispensável)


Eu só ainda não me aventurei de verdade no seriado porque todas as pessoas que já assistiram que eu conheço não conseguiram me dizer o que de fato acontece. Isso ocorre com todas, sem exceção, e não é porque elas queiram fazer mistério, elas realmente não sabem!

Se é o retorno à Ilha da Fantasia, se são experimentos humanos da época nazista, se são espíritos vivendo no plano espiritual, se é uma dimensão de outro mundo ou se são congressistas da Opus Dei, deixarei para ver todo o seriado quando ele acabar.

Prefiro mesmo assistir ao agente Angus Macgyver. Muito mais divertido e educacional. Ha!


(sintam o figurino, década de 80 - primeiro episódio)

Touché!!!






domingo, março 15, 2009

A história do útero caído

Outro dia fui visitar a minha avó, mãe do meu pai, com quem eu tive o prazer de morar por três - divertidos e incríveis - anos. Depois que o meu avô se foi (com os seus quase 95 anos - há um post em homenagem a ele em janeiro de 2007), por óbvio, minha avó ficou AINDA mais ...

Acontece que essa velhinha, de 89 anos, cabelos brancos por opção, andar mancado, com olhos de bolinhas de gude, SEMPRE tem uma história inacreditável a contar. Às vezes sabemos que ela incrementa algumas falas que não existiram, descreve sentimentos que não ocorreram, mas, enfim, sabemos que alguma coisa fez parte do passado dela, a qual ela faz questão de dividir conosco.

Foi assim que num dia desses ela nos contou sobre a Angélica, uma mestiça que ajudava a fazer o serviço doméstico na casa dos pais dela, em uma fazenda no interior de Bojuru, 3º Distrito da cidade de São José do Norte, no Rio Grande do Sul, tchê.

Desde os 4 anos de idade minha avó ouvia as pessoas da casa comentarem que Angélica tinha o útero caído, que ficava pendurado por entre as pernas, blá blá blá... o que aguçava ainda mais a intensa curiosidade daquela pequena menina... que diabos seria o tal útero caído?

Certa vez, Angélica foi lavar roupas nas margens do rio, tendo a minha avó pedido a sua mãe para ir junto, pois queria se refrescar um pouco (talvez ela tivesse dito que queria “tomar a fresca”, ou algo do gênero)... Minha bisavó, sem saber dos planos que minha avó tinha para descobrir a verdade sobre o útero caído, permitiu que ela fosse.

Chegando nas margens do rio, minha avó deitou-se no chão, de forma que pudesse enxergar por entre as pernas de Angélica, que agachada, lavava calmamente as roupas da família. Era um plano extremamente simples para uma criança de 6 anos, mas que, para sua tenra idade, era de grande revelação e de difícil compreensão.

Minha avó conta que quando se deparou com aquela cena horripilante, um útero realmente caído por entre as pernas - “preto” - dizia ela, saiu correndo, um pouco enojada, outro pouco realizada - ela, de fato, esteve cara-a-cara (literalmente) com o tal útero caído.

Quando ela nos contou essa história, eu, meu irmão mais novo e a acompanhante da minha avó caímos na risada, imaginando que ela, mais uma vez, estava a nos enrolar com as suas histórias fantásticas... Minha avó ria conosco, da história que viveu e que relembrava com requintes de detalhes. Nós, ríamos da história como se ela fosse inventada, como se nunca tivesse existido, porque, cá pra nós, um útero caído pendurado entre as pernas, isso não existe!

É, mas existe sim.
Vergonhoso termos duvidado de nossa avó.

Após uma sessão de gargalhadas, me deu um estalo na cabeça: mas e se existir o tal “útero caído”? Naquele tempo, as doenças recebiam nomes bizarros... quem nunca ouviu falar do “bico de papagaio”,“nó nas tripas”, “pontada”, “água no pulmão”, “lombrigas”, e por aí vai...

Foi nesse momento que me lancei na internet:

Nome:
Prolapso do útero acontece quando o útero se exterioriza no canal vaginal

Definição: a caída ou o deslizamento do útero de sua posição normal na cavidade pélvica para dentro do canal vaginal

Causas, incidência e fatores de risco:
Normalmente o útero é sustentado pelo tecido conjuntivo da pélvis e pelo músculo pubococcígeo, e mantido no lugar por ligamentos especiais. O enfraquecimento desses tecidos faz com que o útero desça até o canal vaginal. O trauma sofrido pelos tecidos durante o parto, especialmente no parto de crianças grandes ou em trabalhos de parto ou em nascimentos rápidos, é a causa típica da fraqueza muscular. Acredita-se que a perda do tônus muscular e o relaxamento dos músculos, ambos associados ao envelhecimento normal e à redução do estrógeno, o hormônio
feminino, desempenhem um papel importante no desenvolvimento do prolapso uterino. A descida também pode ser causada por um tumor pélvico, ainda que tal fato seja raro.”

A saber: Angélica já tinha tido um filho na época.


Com vocês, a incrível Edith Só, contadora de histórias fantásticas: