quarta-feira, julho 26, 2006


Andanças e suas histórias

Essa semana, quando estava aguardando pacientemente o ônibus, uma situação peculiar me chamou a atenção. Ao som do Jota Quest - "dias melhores..." - o casal de namorados parecia em conflito (no entanto, apenas eu estava presenciando o fato com trilha sonora). Não que me interesse os problemas afetivos de cada um, mas fui atropelada - literalmente - pela briga do casal.
Tudo começou com a chegada da moça, um tanto furiosa, na parada de ônibus. Logo em seguida, com passo manso, e cara de santo, chegou o rapaz, buscando uma trégua. Como a trilha sonora tocava apenas para mim, as palavras ásperas da moça não produziram som, mas as expressões no rosto eram de quem estava para virar dragão. O rapaz, com as mãos atrás das costas, como quem dizia: "estou desarmado", tentava, suavemente, convencer a moça de qualquer jeito.
O ônibus se aproximou e, segundos antes de parar, uma aliança prateada foi jogada com toda a força ao chão, pela moça. "Xiii", pensei: "o cara aprontou". Enquanto a moça se direcionava para embarcar no ônibus, o rapaz seguia falando manso, tentando reverter, calmamente, aquele quadro de "the end". Eu já comecei a me preocupar com aquela aliança prateada no chão, não que ela pudesse ter algum valor material, mas com certeza pelo valor afetivo que ela correspondia... pensei: "... mas se eles fizerem as pazes, a aliança não estará mais ali quando voltarem..."
O casal embarcou no ônibus, mas ela estava uma fúria, porque ele havia embarcado também. Tudo o que ela mais queria era sumir do mapa... mas ele ia atrás...
Tranquilamente, embarquei após os dois, quando, subitamente, quase fui jogada para fora do ônibus!
A moça se revoltou de tal maneira que gritou para o motorista abrir a porta novamente, pois ia descer... eu me encontrava no pior lugar do ônibus: na porta. O Jota Quest continuava cantando: "... vivemos esperando por dias melhores..."
A porta se abriu e eu fiz um malabarismo, daqueles de última hora, invejado por qualquer circense... a moça desceu voando, cuspindo fogo, e o rapaz pulou atrás... inacreditável, o cara parecia um chiclete, daqueles grudados no cabelo em sessão da tarde no cinema (não adianta nem passar gelo... só cortando o cabelo).
Só sei que a moça desceu do ônibus e salvou o anel prateado! Pobre anel... ali, jogado no chão, sozinho. A discussão continuou ao longo do caminho, e enquanto o ônibus ia se afastando daquela cena peculiar, eu continuei ouvindo o Jota Quest, desejando "dias melhores" para o casal.

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