quinta-feira, julho 10, 2008

A Disneylândia e os três patetas

Para os adolescentes, viajar com o papai e a mamãe pode ser uma tarefa árdua, chata e cansativa, pois na cabeça deles é um tempo perdido que poderia estar sendo gasto com os amigos ou, na melhor das hipóteses, com a internet.

No meu caso (tudo bem, já não sou mais adolescente, mas faz bem pouquinho tempo), viajar ao lado do Avo e da Beth é sempre uma aventura inusitada, repleta de gargalhadas e gafes, das quais eu não me privo por nada nesse mundo. É como estar contracenando no “Toma-lá-da-cá”, ou revivendo os melhores momentos do “Sai de Baixo” e da “Família Buscapé”.

E foi numa dessas comitivas familiares, em busca do visto americano, que eu, o Avo e a Beth nos deparamos com uma verdadeira Disneylândia em plena São Paulo, dentro do Consulado Americano.

Mas não, não encontramos Mickey Mouse, a Minnie ou a Cinderela cantarolando e caminhando dentre os mil e quinhentos brasileiros que passam diariamente pelo consulado, ansiosos por um “ok, you can pass”. Estávamos nós lá, os três patetas, gastando uma fortuna com passagem aérea, hotel e táxi, tudo para reviver o sonho brasileiro de passear pelos Estados Unidos novamente, algum dia desses.

O fato que nos comoveu em risos é que, quem conhece os parques da Disney, sabe que os seus corredores com vastos corrimões são hiper organizados com setas indicativas pintadas de amarelo no chão (nem cego se perde por lá), câmeras filmadoras por toda parte, guichês com vidros à prova de balas (lembrando que os maiores maníacos do mundo são americanos) e potentes microfones, atendentes very well qualificados e a certeza de que no final tudo se resume a um lanchinho no McDonald´s - ou seja, com exceção da inexistência de um point do Mc dentro do consulado, todo o resto é igualzinho aos parques da Disney, inclusive a sua participação (em dólar), toda especial...

Por outro lado, quem for ao Consulado Americano de São Paulo vai perceber que lá a hora marcada é respeitada, a fila é organizada de forma que cada um vai pulando de banquinho em banquinho até chegar a sua vez de ser chamado, num espaço freneticamente organizado para alocar muitas e muitas pessoas, mesmo que à primeira vista pareça que só cabem 20 pessoas. Mas como a movimentação diária é grande (em torno de 1500 pessoas por dia) e são apenas 87 funcionários no total (sendo que nem todos atendem ao público), prepare-se para iniciar a leitura dos famosos volumes de J. R. R. Tokien, J. K. Rowling, etc., ou se aventurar pelo maravilhoso mundo brasileiro, daqueles que sempre encontram um jeitinho de correr na frente dos outros e ainda reclamam da fila.

Dica: se tiver algum idoso na sua família, ou seja, alguém com mais de 60 anos, faça o pedido de visto em grupo familiar (todos da família são atendidos em conjunto), pois os idosos possuem preferência e lá isso é muito respeitado.

O mais divertido mesmo dessa aventura até o consulado foi a tentativa frustada, minha e do Avo, de conter as gafes da Beth em frente ao atendente americano.
Quem poderia imaginar que agora as digitais são colhidas de forma eletrônica e não mais com as pontas dos dedos pintadas? Ou seja, existe uma máquina em que tu deslizas os teus dedos e pressiona as pontas, quando então todas as luzinhas piscam, indicando que as tuas digitais foram “scaneadas”. Se uma das pontas dos dedos não está pressionada de acordo, uma das luzes não se acende, indicando que os mesmos devem ser pressionados novamente.

Eu e o Avo, prevendo que ficaríamos horas se a Beth fosse a primeira a “scanear” as digitais, a deixamos, propositadamente, para o fim da nossa fila privada (já que estávamos em grupo familiar).
Pois não é que o atendente chama ela primeiro...

Óh céus!

Eu e o Avo, depois de passarmos 2h explicando o funcionamento tecnológico da coisa (enquanto estávamos sentadinhos, aguardando sermos chamados), passamos por mais essa: quinze longos e demorados minutos, de muita tensão e riso contido (já que não podíamos, simplesmente, cair na gargalhada em frente ao atendente americano, o qual poderia não nos conceder o visto por debilóidice).


Enfim, nada como viajar com o Avo e Beth e conhecer o mundo fantástico das gargalhadas sem limites e das gafes, agora também internacionais!

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