quinta-feira, agosto 28, 2008

211 coisas que uma garota esperta pode fazer

Depois de fazer cerão até às doze badaladas notúrnicas de ontem, a manhã começou movimentada, com vários afazeres pendentes, o que – para uma leonina com ascendente em capricórnio - é inadmissível.

Abri os olhos.
São 8h30min.

Meu Deus!
Tenho que arrumar a cama; escolher uma roupa para trabalhar, já que a ocasião formal do dia requer; resolver se lavo os cabelos ou não (para manter a juba quieta é necessário um pouco mais de creme de pentear... bem mais, diga-se de passagem); hummm, hoje é aniversário da Beth de Oxum, minha mãe, tenho que ligar cedo pra ela; tenho que tomar o meu nescau de todo dia; tenho que deixar o carro pra lavar; tenho que ir na livraria comprar uns livros para dar de presente... e, finalmente, tenho que chegar às 10h no trabalho, sem atrasos, por que comigo a pontualidade é britânica.

Estou na livraria.
Meu Deus – parte 2!
Esqueci que tenho esse problema com livrarias.
A minha vontade é de degustar todos os livros que aparecem pela frente, lê-los sem parar... olha esse aqui, lançamento, bah, e tem aquele lá... ai, ai, ai... vou ter uma confusão mental literária – preciso de 360 dias aqui dentro.

Hum, estou a procura de 3 livros diferentes ou de 1 livro que sirva para todas as presenteadas. São 3 amigas muito queridas, nascidas no melhor mês do ano, que me acompanharam numa fase mágica da vida: a faculdade.

Procurando aqui, procurando ali... que interessante esse título: “211 coisas que uma garota esperta pode fazer”...

Dou uma folhadinha.
Meu semblante sorri.
Sem me dar conta, caio em gargalhadas no meio da livraria:

Como Ser Completamente Deslumbrante: 17 usos para um pé de meia fina 7/8, como tirar suas sobrancelhas, como escolher o tamanho correto de sutiã, Guia Imelda Marcos de sapatos...”

Interessante.
Vejamos o que temos na outra página:

A Dona de Casa Perfeita: Como servir cerveja para um cavalheiro, como efetuar uma reverência, como preparar chá para um construtor...”

Não, não.
Não era bem isso que eu estava procurando.
Na próxima página...

Arrãm!
Super interessante!

Como Ser Má: Como manusear o chicote; dança do ventre e tudo que não te ensinaram na escola, mas você gostaria de ter aprendido...”

Preciso comprar esse livro pra mim.
Urgente.

- Vou querer levar 4 dessa obra, por favor.
Digo para o rapaz que me atende.

- Bah, infelizmente só temos uma obra, essa é a última.

Óh céus. Penso comigo mesma.
Uma das gurias precisa desse livro, mas para qual delas vou dar? Já sei: a que está solteira, ela vai precisar mais.

Minha nossa, já são 9h45min.
Tenho que me apressar para chegar no trabalho.
Fim da diversão da manhã.

Dica de leitura (imperdível):
211 coisas que uma garota esperta pode fazer
Bunty Cutler
Lorousse

quarta-feira, agosto 20, 2008

O melhor da terapia
(por Luiz Fernando Veríssimo)

"O melhor da terapia é ficar observando os meus colegas loucos.
Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou. Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas.


Confesso, como louco, que estou adorando estar louco semanal. O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco. Ninguém olha para ninguém. O silencio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses.

Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um 'consultório médico', como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos:

Na última quarta-feira, estávamos: (1) eu, (2) um crioulinho muito bem vestido, (3) um senhor de uns cinqüenta anos e (4) uma velha gorda. Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do princípio que todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados.

(2) O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime. Deve gostar de uma branca, e os pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do 'Harmonia do Samba'. Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado. Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro.
Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina.


(3) E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos?
Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roía as unhas. Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa. Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual? Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido.


(4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava. Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.

Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista.

Conto para ele a minha 'viagem' na sala de espera. Ele ri, ri muito, o meu psicanalista, e diz:

(2) O Ditinho é o nosso office-boy.
(3) O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades.
(4) E a gordinha é a Dona Dirce, a minha mãe.
E (1) você, não vai ter alta tão cedo..."

sexta-feira, agosto 15, 2008

Sobre aniversários, balões, chapeuzinhos e festas surpresas

O dia de aniversário pode ser, para alguns, apenas mais um dia em suas vidas, sem muitos encantos, a velha rotina se arrastando durante as 24h, as mesmas paisagens, os mesmos diálogos, etc.

Para outros, porém, e principalmente para os leoninos, o dia de aniversário é um dia especial, cheio de coisas boas e mágicas (branquinhos, negrinhos, cachorrinho-quente, presentes, família e amigos reunidos, etc), sendo que cada segundo a mais que percorre o relógio é mais um momento de vida, cheio de graça, poesia, aventura e descobertas.

Dentre as coisas mágicas, cite-se a típica festinha de criança, com direito a balões, chapeuzinhos e muitas surpresas. O que encanta de fato é aquele espírito de alegria, de confidência, de troca de sorrisos, brincadeiras, carinhos e muito amor. As crianças fazem isso muito bem e talvez nem se dêem conta do quão fantástico é essa troca, mas a maioria dos adultos não encontra mais graça nessas pequenas confraternizações.

A coisa mais fantástica que me aconteceu nessas últimas maravilhosas três décadas de vida em que me encontro (uia! Passa rápido!) foi uma festinha surpresa que algumas pessoas encantadoras me proporcionaram na última terça-feira.

Lembro que a última festa surpresa que recebi foi aos 14 anos e – meu Deus – é bom nem relembrar essa época, em que a minha peruca ocupava um espaço bem maior que o meu corpo todo... bons e velhos tempos do “Clube”, o famoso I.E. Assis Brasil.

O fato é que havia planejado uma terça-feira de aniversário muito zen, com direito à yoga depois do trabalho e uma noite relax... jamais imaginei que a minha noite acabaria com balões coloridos, chapeuzinho na cabeça, ao som da velha e tradicional cantiga de feliz aniversário, tudo isso regado de branquinhos, negrinhos, cachorrinhos, torta e muitos mimos de pessoas que amo pra xuxu.

Isso para mim foi o MELHOR presente que poderia ganhar.

Tudo bem que como discípula do Indiana Jones e do Macgyver, desconfiei de alguma coisa nos 45min do 2º tempo, mas só porque vi o carro da Mari estacionado em frente ao meu prédio... como assim o carro da Mari (placas de Gravataí, adesivo do Batuva) aqui na cidade das cucas? Pensei: “aí tem coisa!”.

Mas não imaginava que essa coisa (essa festa quase surpresa, digamos assim) tinha participações especiais da minha prima amada (Marianinha), das minhas amigonas do peito da cidade das cucas (Aline e Cléo) e dele – Mister Paul Renault.

Comemos e bebemoramos as minhas queridas três décadas até a 1h30min (noite super light...), demos muitas risadas relembrando os bons tempos do colégio, dos carnavais na praia do Cassino, dos encontros das desunidas e de todas as aventuras que ainda teremos pela frente, porque amigas como essas são para todo o sempre.

Aline, Cléo, Mari, Marianinha – amo muito vocês. Obrigada por me proporcionarem essa alegria fantástica! (mas da próxima vez escondam o carro na rua do lado... hehehe)

Paulsem palavras.


E que venham as próximas décadas!!!


P.S.: para a Vivi, Jô e Li, as quais não puderam fazer parte desse show - recebam o mesmo carinho, pois sei que vocês estavam presentes de coração.