quarta-feira, fevereiro 29, 2012

why are you doing this to me?


Diz o ditado popular que a curiosidade matou o gato.
Aqui em casa, além de mim, vivem dois grandes curiosos.

Um deles é uma felina, conhecida por Amèlie Poulain, que por sua natureza siamesa é muito ávida aos segredos alheios, principalmente quando se trata dos humanos e de seus hábitos esquisitos.
Há quatro semanas, Amèlie circulava pela janela da área de serviço – a qual está provisoriamente sem telinha para gatos – e, em segundos, desapareceu do 5º andar.

A vizinha, que também tem uma gatinha, bateu em desespero na porta de casa e disse que vira um vulto, seguido por um barulho estranho de queda: “acho que era a gatinha de vocês”.
Segundos depois, mesmo não acreditando que de fato Amélie Poulain havia se jogado/escorregado do 5º andar, descemos na velocidade da luz as escadas do prédio, encontrando-a escondida atrás de uma bicicleta nos fundos do edifício.

Havia um pequeno corte no queixo dela com poucas gotas de sangue, mas nenhum sinal de fratura ou batida.
Fomos imediatamente à veterinária que mora em frente ao nosso prédio e lá constatamos que ela também havia mordido a língua (quem mandou querer espiar a intimidade dos vizinhos), mas que o ideal seria fazer uma ecografia, para ver se ela não tinha machucado algum órgão na “descida”.
Depois da ecografia a comprovação de que havia um pequeno coágulo na bexiga, que poderia ter sido causado pela queda, traduzida em uma leve cistite, acompanhada de um remedindo para sarar.

Quem foi que disse que gato não tem 7 vidas?
Neste caso, a curiosidade de Amélie quase a matou.
Ainda bem que o provérbio não vingou dessa vez.

Amèlie depois da queda tentando provar que ainda possui outras 6 vidas

Um segundo episódio, envolvendo um outro gato, esse humano, ocorreu em Cancun, no México. Depois daquela tormenta do post anterior, ainda vivenciamos um momento que, ao meu ver, foi bem mais crítico e perigoso do que a chegada do Rina.

Era a nossa última noite em Cancun e nos preparávamos para ir ao CocoBongo, uma discoteca-bar-show com bebida liberada, um lugar inigualável e que vale a pena ser visitado, ainda que custe – o ingresso mais barato – U$ 50 dólares por cabeça.
Lá pelas 18h saímos daquele marzão verde-água, pedimos um lanche no quarto e começamos a arrumar as malas para nossa volta ao Brasil, já que era a última noite no México.
Ao entrar em nosso quarto a verdadeira “tormenta” começou.

Um jovem casal americano no quarto ao lado começara a discutir, mas apenas ouvíamos a voz feminina, que dizia incessantemente: “why are you doing this to me? Why are you doing this to me? Why are you doing this to me” (na tradução livre: “por que você está fazendo isso comigo?”).
A americana tinha uma voz irritante e gritava bem alto para qualquer um ouvir. Mal se ouvia a voz do cara, que por vezes rangia os dentes e sussurrava palavras incompreendidas por nós.
A discussão começou a aumentar e novamente: “why are you doing this to me, Mike!?”.
Opa, o que será que o “Mike” aprontou?

Aí, entrou em cena o meu gato humano. Curioso como ele só (e óbvio que eu também estava curiosa), aproveitou-se do fato de que havia duas portas entre os nossos quartos (ambas trancadas, é claro), pois era o tipo de quarto que poderia receber uma família grande, e passou a ouvir todas as lamentações, xingamentos e palavreados em inglês.

o que a curiosidade é capaz de fazer com o ser humano?

Em respeito ao Mike e a sua girlfriend, não irei transcrever aqui o tom da discussão de ambos que em certo momento desceu todos os níveis da civilização mundana. Só o que posso dizer é que nem no meu curso de inglês no Fisk ouvi tanta bandalheira (isso que eu tive um professor show de bola que nos intervalos das aulas nos ensinava os melhores palavrões em inglês).

O fato é que aquele dia era aniversário do Mike e, coincidentemente, Dia das Bruxas (30/10). Se ela era uma bruxa ou não, eu não sei. Só sei que o Mike e sua namorada a recém tinham aportado em Cancun e ele queria sair com os amigos para comemorar o seu aniversário “alone”. Ou seja, a turbulência toda da discussão começou porque Mike queria descer até o hall do hotel e beber com os amigos, enquanto sua girl se aprontava para saírem mais tarde.

Ela achou aquilo um insulto, então o tempo fechou e começaram as indagações do tipo (tradução livre e na forma light): “você me trouxe aqui para ficar com as outras? É isso que você quer? O que você pensa que eu sou? É assim que você me trata? Olhe pra você no espelho! Você está drogado, Mike?”. Nesse meio tempo Mike resmunga alguma coisa, não captada por nosso curioso colado na porta (foto ilustrativa acima), e sai porta fora do quarto. Eu juro, eu quase saí atrás pra ver que cara tinha o Mike.

Minutos de silêncio. Paz no corredor do hotel.

Tempos depois Mike retorna ao quarto e aí o medo aportou de verdade em Cancun.
A namorada começa a discussão novamente, com a mesma voz irritante, o que dificulta ainda mais um diálogo civilizado entre ambos, quando então coisas começam a ser violentamente quebradas no quarto e gritos são ouvidos.
Tudo o que eu pensei foi: “quebraram a mesa de vidro do quarto!”.
E aí o pânico tomou conta de mim.
O que seria da girlfriend de Mike?

O meu curioso dizia: só vou ligar para a recepção se ela gritar “help”, porque é bem provável que amanhã o casal passeie de mãos dadas pela praia e esse tipo de atitude seja uma rotina na vida amorosa deles... como se nada de anormal estivesse acontecendo.

Cansados da gritaria e do barulho dos cacos de vidros roçando pra lá e pra cá no chão, fomos jantar e depois curtir uma noite fantástica no Coco Bongo.
Mas eu alertei: se quando voltarmos da noite a gritaria continuar, vou reclamar na recepção do hotel e azar o deles (ou nosso).

Na volta uma pequena luz brilhava por entre a porta e o silêncio era absoluto no quarto de Mike e sua girl.
Será que eles tinham saído?
Será que eles se entenderam, fizeram um sexo violento e caíram no sono?
Será que eles estavam mortos?

Até hoje nos perguntamos e choramos de curiosidade para saber o que aconteceu depois de tanto tumulto. E que cara teria Mike? A sua girlfriend era loira ou morena? Eles usavam drogas? Há quanto tempo estariam juntos? Será que eles fazem o tipo de casal obsessivo por discussões?

Que Deus abençoe a nossa curiosidade e nos mantenha vivos para desvendá-la!

2 comentários:

Paul disse...

Aham... tudo mentira!!
Está bem nítido na foto que estou apenas segurando a porta para que ela não voe com a força dos ventos do furacão Rina!

Essa imprensa sensacionalista faz de tudo para chamar a atenção...

Jornalista Giana Cunha disse...

gente... só faltava o copo na orelha p ouvir melhor!!!