sábado, agosto 24, 2002


TEORIA DO NADA

O nada não existe. Já diz o significado da palavra: a não existência, o não existente, coisa nula.
Mas o quê realmente não existe? E há como existir algo que não existe?
Porque se o nada não existe, não que se falar em nada. A palavra "nada"em nada se explica.
O espaço entre tudo é preenchido. Por exemplo: pensamos que entre nós e o computador não existe nada, somente uma distância de uns 35 cm (e aquele problema de interface que muitos conhecem). Mas, se pararmos para observar, dizemos que não existe nada porque não enxergamos o ar que respiramos a nossa volta. Nem mesmo os microorganismos que se movem pelo ar, nem mesmo a poeira e nem sequer ainda o tempo entre nós e o computador. Sim, pra tudo há um tempo. Fora as outras energias que se acumulam e emanam de nós, devido aos nossos pensamentos (sejam eles bons ou não). Simplesmente nem a percebemos.
E quando alguém nos telefona no domingo às 14h: "oi, o que estás fazendo?" Qual nossa resposta imediata? "Nada". Que mentira! Como nos enganamos e utilizamos as palavras erradas para expressarmos nossas ações. A omissão mesmo não é nada, mas um não fazer de outra forma. Como não estamos fazendo nada? Alguma coisa sempre estamos fazendo, mesmo que seja pensando na quantidade absurda de carne que acabamos de comer (sempre rola um churrasco em família no domingo) ou naquele furo que demos com a nossa querida tia-avó solteirona que só quis ser simpática quando falava de seus noivos perdidos... ou ainda, estamos jogados no sofá assistindo as porcarias que passam nos canais de TV. Pior, às vezes só estamos esperando que alguém nos ligue e nos pergunte: "oi, o que estás fazendo?", e aí dizemos "nada", querendo, obviamente dizer: "não tenho coisa alguma legal para fazer e estou fazendo coisas inúteis que qualquer momento vão me aborrecer ou vão me fazer dormir o dia inteiro". Logo, o nada não existe. O nada é uma ilusão que criamos. Às vezes para nos escondermos de determinadas punições familiares: "o que estás fazendo com este chocolate nas mãos que será colocado na torta de amanhã?", ora "nada". Só dando uma olhadinha... já imaginou se respondêssemos: "estou aqui olhando a embalagem deste produto, que nem reparei se tratar de um chocolate, e fiquei vidrado nestas cores... elas são lindas..."
Também, utilizamos o nada para dizer que uma coisa não é conveniente, tipo: "nada de ficar olhando pra bunda que rebola daquela mocinha que trabalha contigo, seu cafa!"
Como pronome indefinido serve para dizer "nehuma coisa". "Estamos fazendo nada", que poderia ser dito: "estamos fazendo nenhuma coisa que julgamos útil para nos manter prazeirosos" = NADA.
Conclusão: o nada não existe, logo esta teoria não existe porque não pode existir uma teoria que não exista e que não possua qualquer objeto. O único objeto que podemos analisar é uma palavra de 4 letras que não exprime nada, melhor dizendo, que não exprime coisa alguma. Estamos tão acostumados a dizer nada que o nada passou a ser um "nada" com alguma vontade de ser "nada mais".


O KARMA DO ROLO DE PAPEL HIGIÊNICO

Algumas situações da minha vida são muito previsíveis.
Uma delas é a louca vontade que tenho de sempre fazer xixi. Quem convive comigo sabe: estou sempre conhecendo diversos banheiros, ou como prefiro chamar, "quartos de banho" (a expressão é bem mais simpática).
A teoria tem relação com o quarto de banho mas se resume no duro suplício de ter sempre que trocar o maldito papel higiênico de seu estratégico lugar. Sim, posso estar em qualquer lugar. Se resolvo ir ao quarto de banho, batata! Lá está aquele rolo acabado, só o papelão me olhando: "por favor, me tire daqui, eu já acabei".
Outro dia tive que rir desesperadamente (só pra variar). Havia acordado pela manhã e pá! Troquei o rolo no meu banheiro. Fui pra faculdade e pá, lá estava o rolo me olhando (foi um dia atípico pois havia papel para repor no banheiro do bar). Fui para o meu estágio na Promotoria e pá, lá estava outro rolo acabado, aclamando ser trocado.
E fico pensando. Seria algum tipo de karma com os rolos de papel higiênico? Teria sido eu alguma faxineira indolente que não trocava-os, ignorando-os de tal forma ao ponto de, nesta encarnação, termos que conviver assim?
Certamente aquelas pessoas que passam por este problema vão compreender minhas palavras.


DICA DE LITERATURA, pra quem curte Direito Penal: "VIGIAR E PUNIR", de Michel Foucault.

Vigiar e trocar o papel higiênico.


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